Uma linda historia escoteira

Uma linda historia escoteira
Era uma vez...

sábado, 22 de julho de 2017

Rafael. Um Escoteiro Segunda Classe.


Rafael.
Um Escoteiro Segunda Classe.

            Ficou dias na encosta do Morro Vermelho treinando. Conversou com muitos que conseguiram e conquistaram o direito de ficarem marcados no Livro da Patrulha. Parecia tudo muito simples, mas Rafael tinha medo. Não aquele medo de tremer, de correr de procurar um lugar para se esconder. Nada disto. Era um escoteiro Noviço e tinha orgulho da sua Patrulha Morcego. Ele olhava os segundas e primeiras classe da Tropa Escoteira e ficava imaginando como ser um. Era seu sonho. Sabia que eles tinham um olhar de vitória e seu sucesso lhes dava o brasão sonhado de serem considerados acampadores de primeira linha.

            Tinha receio que no dia chovesse ou o orvalho do entardecer o prejudicasse. Aprendeu a escolher a boa lenha, o capim certo e Josiel o ensinou a afiar seu canivete e sua faca Mundial. Seu pai lhe deu uma pedra de afiar a óleo. Josiel sorria para ele quando mostrou em um movimento circular ele passar as duas faces da lâmina de um lado e outro sobre a pedra. Rafael, quando a lâmina estiver no ponto passe ela por uma tira de cabedal polvilhada com um produto de polir. Fixe uma das pontas da tira de cabedal e estique-a bem, passando depois a faca e o canivete ao longo da tira, com o lado rombo da lâmina voltado para si e o lado cortante apertado de encontro à tira.

            Ele não tirava o olho de Josiel. Havia guardado suas palavras quando finalmente terminou dizendo: - Rafael volte à lâmina e passe-a ao longo da tira em sentido contrário, com o lado rombo voltado na direção oposta à do seu corpo. Pronto agora sua faca e o canivete ele estará pronto para uso. Rafael aprendeu e treinou o quando pode afiando as facas de cozinha de sua casa. Fez o mesmo na Casa vizinha de Dona Rute e Dona Sinhá. Ele estava pronto para o desafio para receber finalmente sua Segunda Classe.

            No acampamento Rafael escolheu um bom local para o Fogo do Conselho. Preparou tudo na véspera com pedras e areia que retirou do Córrego do Peixe para a segurança de se acender um fogo na mata. No dia do Fogo de Conselho teve licença do Monitor para a montagem final. Cortou achas pequenas e grandes, preparou dezenas de tiras de madeira cortadas como se fossem papelão com sua faca e depois preparadas com o canivete. Galhos fininhos eram expostos para uso. Encontrou próximo ao local uma toifa de Capim angola (brachiaria mutica) seca.

           O sol já estava se ponto quando Rafael terminou sua pirâmide e iniciou a montagem em volta com achas mais grossas montando em volta como se fosse uma fogueira de São João. Bocaina um Sênior Construtor de Pioneiras deu a ele as dicas de como colocar pequenas achas para que a fogueira permanecesse acesa por duas horas sem necessidade de renovar o fogo. Com muito cuidado Rafael colocou uma pequena lona para proteger do orvalho da noite e de possível neblina que pudesse prejudicar todo seu trabalho.

           Todos já haviam se aboletado em volta do futuro fogo para mais uma noitada alegre de fogo de conselho. Chefe Tomaz convidou Rafael para acender o fogo. Deu a ele um palito de fósforo e um pedaço da caixa. Sorriu para ele desejando sorte. Rafael não tremia. Suas mãos estavam firmes e se dirigiu ao fogo que tinha montado. Ajoelhou. Fechou os olhos e pediu a Deus que não o deixasse falhar na sua grande obra. O fosforo foi aceso. Devagar ele o levou a entrada da fogueira até o pequeno túnel que fez por baixo. O fosforo piscou algumas vezes querendo apagar.


           Um silêncio profundo se fez. Todos torciam por Rafael. Uma pequena fagulha clareou parcamente dentro da armação da fogueira. Pequenas chamas brotaram. Todos ficaram de pé aplaudindo Rafael. Ele conseguiu! – Uma palma escoteira ressoou logo após um grande Bravoô! – Uma Bandeira Nacional surgiu nas mãos de Coleman o Monitor. Ele a soltou segurando as pontas com as mãos. Rafael tinha os olhos rasos d’água. Com o grito da Patrulha e o Lema ele finalmente recebeu nas mãos do Chefe Tomaz sua Segunda Classe. Um dia que ficou na história para ele por toda sua vida!

Nota - Um conto para quem já foi um Escoteiro Segunda Classe. São fatos marcantes e que são recordados por toda a vida quando um escoteiro conseguia finalmente receber seu distintivo quase sempre na solenidade de uma fogueira. Algumas tropas aproveitavam para que o agraciado recebesse seu nome de guerra, pulando por três vezes sobre o fogo gritando alto o nome escolhido. Coisas do passado. Coisas que ficaram para sempre na memória de quem teve a honra de participar.

terça-feira, 18 de julho de 2017

Quando o mar não está prá peixe!


Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.

Copiei de um poeta: - De vez em quando fico triste do nada, com motivo ou sem motivo. De vez em quando fico feliz do nada, com razão ou sem razão. É assim, às vezes dá vontade de sair pulando, distribuindo beijinho, dando abraços e, em outras, dá vontade de mandar todo mundo pra muito, muito longe...

           Olhe me desculpe, mas tem dia que o mar não está prá peixe. Não está mesmo. Voce sabe que tem de dar exemplo afinal você cobra muito isto dos outros. Mas será que não existe um dia que você não tem o direito de mandar todo mundo para a Tonga da milonga do kabuletê? Quem não passa por isto? Quem um dia não sente que é a pior pessoa do mundo, com uma vontade de se esconder na mata e não voltar nunca mais? Nossa! É demais. Voce tem uma vontade de sumir do mapa e não dar notícias para ninguém. Ai você olha para dentro de você e pergunta; - Porque não rir? Porque não procurar o abraço aconchegante? Porque não gritar para o mundo que você é feliz?

           Mas você não faz assim. O mundo nesta hora está um pitoco de esterco. E se você conta o que está passando sempre tem aqueles para dizer: - Calma Chefe! Amanhã é outro dia! Pois é. E quando vai chegar o amanhã? Chefe, meu querido Chefe, reze peça ao Pai do Céu um calmante para que você possa voltar a ser o mesmo de antigamente, o cara certinho, cheio de amores e dizendo para todo mundo que um abraço resolve, um aperto de mão é certeiro e um Sempre Alerta é perfeito para lavar a alma. Aí você se olha no espelho e diz para você: - Não tenho direitos de um dia ou outro ficar triste? Reclamar da minha vida? Se trancar em um lugar qualquer e deixar o tempo passar? Quem afinal sou eu?

            Ops! Calminha aí. Este que está sendo descrito não sou eu. Somos todos nós. Não venha me dizer que você não passou por isto. Faz parte da vida. A tristeza chega forte, uma dor doida que você sabe que não há remédio que a cure naquela hora. A gente pode até culpar alguém, mas a culpa é nossa mesmo. Se o caminho não é este e você escolheu outro porque reclamar? Claro, você tem este direito. A Chefe Escoteira tristonha disse que quando aceitamos nossa dor e o nosso sofrimento estamos dando um importante passo para sair desta fase tão ruim que um dia chegou para nós. Eu já cheguei à conclusão que chorar faz bem. Eu tinha um amigo que gostava de se isolar, calar, emudecer gritar e espernear...

            A gente sabe, a gente lê, a gente aprende que ninguém está livre dos tempos ruins. Eles existem. Tem que deixar o tempo passar. Cada um tem seu calmante, seu remédio sua maneira de resolver para que o mundo não desabe sobre sua cabeça. De uma coisa eu sei, se você não cuidar de sua vida ninguém vai cuidar para você. Eu já aprendi que a tristeza é um sentimento que existe no ser humano, quem sabe por falta de alegria, animo emoções de insatisfação e tantos outros. Descobri que conversar com gente de bem com a vida, com gente cheia de humor e depois olhar para dentro da alma pode ajudar ou até quem sabe melhorar um pouco sua auto estima.

           Eu sei que o escoteiro sabe gargalhar, vivem dizendo que o tal do oitavo artigo é assim, mas meu amigo, minha amiga, escoteiro é um bicho diferente? Não é como a gente? Pelas Barbas do Profeta, o que é a felicidade? Acho que é o momento que a gente mais precisa para ser feliz. E quer saber? O melhor mesmo é não levar a vida muito a sério. Afinal a gente não vai sair vivo dela mesmo... Pois é... Deixe a poeira baixar, assim vamos chegar à conclusão que estávamos montando uma mula e não um vento calmo que vai nos levar para o mar...


E um grande e fraterno abraço para você!

Nota: - Copiei de um poeta: - De vez em quando fico triste do nada, com motivo ou sem motivo. De vez em quando fico feliz do nada, com razão ou sem razão. É assim, às vezes dá vontade de sair pulando, distribuindo beijinho, dando abraços e, em outras, dá vontade de mandar todo mundo pra muito, muito longe...