Uma linda historia escoteira

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Era uma vez...

quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Crônica de um Velho Chefe Escoteiro. A Corte de Honra.


Crônica de um Velho Chefe Escoteiro.
A Corte de Honra.

             Era meu antigo Chefe. Convidou-me para ir com ele ao Campo Escola aonde iria se encontrar com um amigo e dar uma carona em seu retorno. Eu gostava de ir lá, o verde completava as diversas cores diante dos olhos e ofuscava a quem vivia na cidade de pedra. Era como se fossemos transportados do nada para um paraíso, já que não fazíamos parte da coreografia estática, mas que se movimentava em plena natureza com a brisa gostosa de um final de janeiro e dava um sabor todo especial aquele bosque e a floresta que se avistava ao longe.        

             Sempre que estive lá eu me transformava. Era como se meu espírito fosse transportado para um éden feito de jardins e flores. Era gostoso mudar de ar, sentir a brisa da floresta o silencio reinante dentro daquela cidade de pedra. Ali me sentia realizado. De tudo daquela floresta no campo escola se mantinha viva a natureza, que era preservada, apesar de algumas construções de pedra e tijolos destoarem do local. Tudo ali tinha o sabor doce e suave da elevação do espírito no mais alto grau que ele pudesse alcançar naquele momento mágico.

            O meu Chefe me convenceu a ir lá. Ele também como eu, gostava do local e quem sabe, encontraria outros amigos para uma conversa amena. Chegamos cedo e o Curso ainda não havia encerrado. Estava atrasado em “algumas horas”. Um dos membros da equipe veio ao nosso encontro, e saudou o meu chefe convidando-o a conhecer os demais na Sala da equipe. Ao passar pelos alunos cursantes, sem chamar a atenção, ele perguntou se podia ficar ali alguns instantes, ouvindo o que era transmitido a todos pôr um DCIM, que ele conhecia bem. Sentou-se em um banco de madeira, um pouco afastado. Sentia-se em casa. Outros da equipe se juntarem a ele.

            O tema da palestra era interessante. Corte de Honra. A sessão devia ter começado há pouco tempo e o Adestrador tentava a sua maneira, explicar como funciona e como deve ser a participação dos Monitores. Tentava mostrar que ela não era uma Reunião de Monitores e nem parecida com a reunião de Patrulha. – Corte de Honra, - dizia - é um órgão que se reúne ordinariamente ou extraordinariamente quando se faz necessário. Não vou entrar em detalhes sobre datas, participantes ou mesmo responsabilidades. Isto vocês poderão ver na literatura especifica. - Ela existe para dar uma dimensão da democracia, direitos e deveres do cidadão, responsabilidade e julgar de maneira clara temas que poderão ser do interesse da Tropa ou mesmo, quando a tropa se sentir prejudicada. Ela existe para tomar decisões sabiamente. Isto para o jovem irá servir como exemplo quando adulto.

            A palestra continuou na parte que eu julgava mais importante. Durante uns dez minutos, foi explicado suas finalidades, duração, como seria a presença do chefe. Foi uma palestra interessante, e ao seu final, o meu chefe fez questão de ir cumprimentar o DCIM, apesar dos dois não terem um relacionamento formal, pois praticamente não se conheciam.

            No retorno, não conversamos sobre o assunto. Isto poderia influir no jovem Escotista que estava conosco e havia participado do curso. Quando o levei até sua residência, também ele nada comentou. Como estava com pressa, deixei para outra ocasião e quem sabe, qualquer dias deste ele pudesse complementar o que para mim era obvio, pois participava sempre da Corte de Honra da tropa em que colaborava e achava que não tinha nenhuma dúvida sobre ela.

            Em um dia de reunião de Tropa, eu estava na sala da chefia, tentando rascunhar um programa fornecido pelas monitoras, de uma atividade noturna a pedido de uma das chefes da Tropa Feminina e aceitei. Gosto de ajudar. Foi então que ouvi conversas na sala ao lado, e notei que Três Monitoras, acompanhadas de suas submonitoras e duas chefes, estavam em reunião de Corte de Honra, e que pelo visto, deveria ser extraordinária. Senti-me deslocado, mas minha saída abruta iria prejudicar o andamento e a curiosidade me fez continuar onde estava.

            A informalidade das moças mostrava que a Corte teria um final previsível. Pela maneira como a Presidente conduzia, era notório que os assuntos tinham sido discutido em Patrulhas e às decisões seriam acatadas de maneira satisfatória. Um deles, porém, levou mais tempo do que o necessário e somente naquele caso houve intervenção da chefia. Algumas monitoras solicitaram que fosse aprovado a participação dos monitores da Tropa masculina na atividade noturna do próximo sábado. Uma das monitoras se mostrou contra assim como outras duas submonitoras. Cada uma apresentou sua versão e mesmo assim, houve um empate técnico. Durante todo o tempo às chefes não falaram.

            A presidente pediu a opinião das chefes e elas foram contrárias. Sem desmerecer a idéia, ela comentou do interesse de uma das monitoras em namorar um dos monitores e isto foi que forçou a aceitação da maioria. Como era uma atividade específica da Tropa feminina, não haveria como aceitar a participação dos monitores, pois não havia nenhuma finalidade que pudesse explicar tal solicitação. Afinal, o que eles poderiam colaborar num programa já feito, somente para moças? - Claro que teriam a participação de elementos masculinos, mas isto para segurança e que tinha sido determinado pelo Chefe do Grupo. Iriam dois pais e um Assistente Sênior.

           Aceitar a participação dos monitores seria um contra-senso. Não ouve unanimidade, e nesta hora prevaleceu à decisão da Chefe. Foi servido um suco com biscoitos, conversaram mais um pouco sobre repetir ou não alguns jogos e a reunião foi encerrada com a assinatura de todos os presentes, isto é claro, após ter sido lida a ata e aprovada, para satisfação da escriba da Corte de Honra.


            Terminei minha tarefa, e após entregá-lo a Chefe, fui embora para casa, pensando nas vantagens da Corte de Honra e de sua validade no Adestramento como forma de cidadania.

nota: - Corte de honra. Formal ou informal? Alguns dizem que todos devem se portar como em uma Corte, com respeito, sem falar alto ou mesmo com gírias e outras maneiras da juventude hoje. Outros dizem que a informalidade faz parte da camaradagem, da fraternidade sem faltar com o respeito devido. Acho que em ambos os casos tem certa razão. Se a Corte de Honra funciona bem se os monitores e subs convidados se sentem bem, não há o que discutir. E você? Se é Chefe escoteiro como é sua Corte de Honra?