Uma linda historia escoteira

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Era uma vez...

segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

Curiosidades: O Navio que trouxe o Escotismo para o Brasil. Postado no 25 de janeiro de 2012 por gelages01sc.



Curiosidades: O Navio que trouxe o Escotismo para o Brasil.

O Encouraçado Minas Geraes. (escrevia-se Geraes na época).
A História do Escotismo no Brasil começa com a famosa “Esquadra Branca”, que o Brasil encomendara à Inglaterra em 1906. O contrato inicial foi assinado com Armstrong Whitworth (Elswick) e previa a construção de três encouraçados. O primeiro a ficar pronto foi o Minas Gerais. O encouraçado São Paulo, de configuração semelhante, seria finalizado pouco depois. A terceira embarcação, o encouraçado Rio de Janeiro, ainda maior que os outros, não chegaria a ser entregue, acabou por ser vendido à Turquia, e, posteriormente, foi desapropriado pela Inglaterra, que o engajou à Royal Navy durante a Primeira Guerra Mundial com o nome de “HMS Agincourt”.

O Minas Gerais teve a quilha batida em 17.04.1907 e foi lançado em 10.09.1908.  A construção  findou-se em 06.01.1910. 

Quando entrou em serviço constituía, juntamente com o seu irmão gêmeo “São Paulo”, um dos navios mais poderosos do mundo: montava doze canhões de 12 polegadas em seis torres, bem como artilharia secundária composta por vinte e dois canhões de 4.7 polegadas, além de oito outras peças de 3 libras.

Tornou-se motivo de orgulho nacional, tanto que a valsa “Oh! Minas Gerais”, com a melodia italiana Vieni sul mar, foi composta em sua homenagem, e não ao Estado da Federação brasileira.

O novo navio exigia grande equipagem, principalmente de foguistas, de maneira que para suprir a carência de pessoal foram contratados até mesmo marinheiros estrangeiros (ingleses, portugueses, gregos, americanos e barbadenses).

Na época, encontrava-se na Inglaterra numeroso contingente de Oficiais e Praças da Marinha que preparava-se para guarnecer os novos navios da esquadra brasileira em construção. Um grupo de suboficiais entusiasmou-se com o revolucionário método de educação complementar. Entre eles estava o Suboficial Amélio Azevedo Marques que fez seu filho Aurélio ingressar em um dos Grupos Escoteiros locais. Assim, o jovem Aurélio Azevedo Marques foi o primeiro escoteiro brasileiro. Quando da vinda para o Brasil, os militares trouxeram consigo uniformes escoteiros ingleses, no valor de trinta libras esterlinas.

O Encouraçado Minas Geraes, navio onde estava embarcada a maioria dos militares interessados em trazer para o Brasil o Movimento Escoteiro, chegou ao Rio de Janeiro em 17 de Abril de 1910. No dia 14 de Junho do mesmo ano, na casa número 13 da Rua do Chichorro no Catumbi, Rio de Janeiro, reuniram-se, formalmente, todos os interessados pelo escotismo e embarcados nos navios que haviam chegado ao Brasil. Naquele local foi oficialmente fundado o Centro de Boys Scouts do Brasil.

A placa na fachada da casa diz: “Há 90 anos foi lançada neste local a semente do escotismo no país com a fundação do “Centro de Boys Scouts do Brasil” por suboficiais da Marinha de Guerra”. Homenagem: União dos Escoteiros do Brasil – Centro Cultural do Movimento Escoteiro Região do Rio de Janeiro – Rua do Chichorro, 13 – 14/06/2000

Esse é o verdadeiro marco inicial da história do escotismo no Brasil. A partir de 1914, surgiram em outras cidades vários núcleos, dos quais o mais importante foi a ABE – Associação Brasileira de Escoteiros em São Paulo, fundada com o apoio de respeitados Diretores de estabelecimentos de ensino, Secretários de Justiça e de Segurança Pública do Estado e pessoas que foram fundamentais para a consolidação do escotismo no Brasil, como Mário Cardim, que concretizou a ideia de criar a ABE e tomou a frente para a preparação das pessoas, regulamentos e estatutos.

O jornalista Júlio de Mesquita, Diretor do “Estado de São Paulo” e o Ascanio Cerqueira, receberam da inesquecível dama da sociedade bandeirante Jerônima Mesquita, diretamente de Paris, o material didático do procedimento formal da organização, passando o grupo e alguns idealistas, a formatar nosso escotismo, para a formação de sua personalidade jurídica.

A ABE espalhou o Movimento Escoteiro por todo o país e em 1915 já contava com representações na maioria dos Estados Brasileiros e neste mesmo ano, uma proposta para reconhecer o Escotismo como de Utilidade Pública resultou no Decreto do Poder Legislativo n.º 3297, sancionado pelo Presidente Wenceslau Braz e em 11 de junho de 1917 sancionou o DL, o qual em seu artigo 1.º estabelecia: “São considerados de utilidade pública, para todos os efeitos, as associações brasileiras de escoteiros com sede no país.” – a mãe-pátria brasileira acabava de gerar um de seus mais importantes filhos, o ESCOTISMO. 

A História do Escotismo no Brasil, porém, só veio a ganhar amplitude nacional em 1924, quando da fundação no Rio de Janeiro da UEB – União dos Escoteiros do Brasil, semente-mor unificadora do processo de aglutinação dos diversos grupos e núcleos escoteiros dispersos nas terras brasileiras, movimento consolidado por volta de 1950, quando a formação social foi fracionada por regiões e Estados, cada uma delas abrangendo um Estado ou Território Nacional. 

sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

Conversa ao pé do fogo. Zé das Quantas um herói escoteiro.




Conversa ao pé do fogo.
Zé das Quantas um herói escoteiro.

Prefácio: - Zé das Quantas é um Chefe escoteiro. Daqueles que lutam de sol a sol para ganhar uns trocados para sua família e os escoteiros. Zé das Quantas é o Chefe do Escoteirinho de Brejo Seco. A sua maneira ambos são felizes. Para mim eles representam o verdadeiro espírito escoteiro de Baden-Powell.

                    O escotismo difere de tudo que se conhece em termos de estrutura, normas e regulamentos de outras organizações ou associações. A burocracia é grande demais. São normas, estatutos, POR, determinações e etecetera e coisa e tal. Como ele tem uma filosofia jeitosa, catita e formosa atrai um séquito de admiradores que tudo fazem para servir a associação. Não existe discordâncias e as poucas que existem são logo cortadas pela raiz. Sem dó sem piedade!

                          Nossa liderança hierárquica desde o topo até o mais novo lobo aprende desde cedo que servir faz parte do crescimento individual. Belo isso e não se pode negar. Elogios aos chefes quase não existem, há não ser um ou outro que faz por amizade. Sei que quando tudo vai mal dizem que a culpa é dos chefes. Todos sabem que são eles os heróis para manter a associação, por os jovens na trilha com suas bandeiras cantando pelos quatro cantos do pais. Seria possível ter escotismo sem os chefes? Os arautos e distintos dirigentes dirão que não. Mas se perguntar ao Zé das Quantas ele dirá sem sobra de duvida que sim.

                          Nada se compara a Inglaterra pós-vitoriana de 1908 quando BP sentiu a necessidade de buscar ajuda para que os jovens não se perdessem nas práticas copiadas do “Scout for Boys”. Pergunte ao Zé das Quantas, ele dirá que nem sabe o que é isso. Ele ainda faz escotismo do cipó, da carretinha, do arroz com macarrão, do pé na estrada em busca de um lugar para acampar. Os Escoteirinhos de Brejo Seco adoram. Zé sabe que sua vida é dura, tira seus sustento do seu trabalho e sem ele não teria arroz com feijão. Adora falar aos seus escoteiros sobre a Lei sobre a lealdade, sobre a honra e o caráter.

                      Zé dá belos sorrisos quando as tardes em sua casinha de taipa a escoteirada chega para contar “causos” falar de jogos, de aventuras de andanças por estradas e trilhas desconhecidas. O Escoteirinho de Brejo Seco é o primeiro a chegar. Ele já viu chefes capitalistas, endinheirado e nunca se sentiu preterido. Nunca foi a uma atividade regional ou nacional. Só conhece Brejo Seco e ama seus escoteirinhos.  

                         O Chefe Zé das Quantas acredita em anjos. É um rezador sempre pedindo ao senhor em primeiro lugar pela sua família e em segundo para seus meninos. Mas no fundo ele sabe que este anjo não vai aparecer. Ele sabe que tem de trabalhar sozinho. Seus meninos e meninas mesmo poucos e pobres precisam dele. Ele sabe que os pais não se preocupam. Ele não pode simplesmente abandonar tudo. Dizer: - Melhor fechar o Grupo Escoteiro. A luta é difícil. Ele sabe que não fará isto. Entristece por falta de um certificado, um distintivo, um registro, mas está sempre alegre quando aos sábados muitos estão a sua espera faça sol ou não.

                             Zé das Quantas é um daqueles heróis escoteiros desconhecidos que sabe que o vento nem sempre sopra a favor. Ele ama o que faz. Nunca critica seus superiores. Sempre com um sorriso quando lê sobre as reuniões, Indabas, Jamborees e assembleias e sabe que dificilmente estará presente. Para isso precisa ter muitos tostões coisa que ele não tem. Não tem ideia de como “tirar” uma Insígnia e nem tem ideia de Gilwell Park. Sabe que nunca será registrado, nem vai receber medalhas e certificados. Ele é um eterno desconhecido. Tentou uma vez fazer um curso. A taxa salgada. A meninada trabalhou duro, fizeram uma vaquinha, mas na última hora desistiu. "Mainha" sua esposa encantada adoeceu. Quem sabe um dia? Suspirou sem se sentir culpado.

                             Zé das Quantas sabia dos sonhos do Escoteirinho de Brejo Seco. Queria ir num Jamboree, qualquer um – Chefe vai ser bom demais. Dizer o Que para o Escoteirinho? Olhou para seu uniforme, já desbotado, doado por alguém que cresceu e não está lá mais. Cara mirrada, escola idolatrada, dizendo sempre que ia ser doutor. Zé das quantas nunca se importou com elogios, condecoração, pois na sua mente seus únicos sonhos era vivenciar com amor a sua família e seus escoteiros. Nunca sonhou em ter uma Bom Serviços, Gratidão e até mesmo um tal de Tapir. Diziam que isto é só para quem prestou enormes serviços ao escotismo. Afinal ele um esfarrapado pelintra sem eira nem beira não podia sonhar com essas coisas.

                            Zé das Quantas tinha medo. Medo que se um dia fosse morar na casa do Senhor não haveria substituto. Nas reuniões, nas estradas, nas trilhas ou em marcha sempre conversava com seus escoteirinhos sobre isso. Dizia que onde tem um escoteiro tem uma tropa, onde tem bons monitores tem uma penca de chefia. Caminhem com suas próprias pernas! Repetia o bordão de Caio Vianna Martins o herói da tropa. Um dia fez um pé de meia e partiu para um curso escoteiro. Engraxou seu sapato da missa, mandou colocar uma meia sola. Ajeitou sua meia puída, meteu no seu chapéu um pouco de goma e lá foi ele no trem das onze da noite para a capital.

                            Chegou humilde, dizendo “tarde” “Alerta” e só uns poucos responderam. Adorou o curso, aprendeu sobre um tal de POR de Estatutos, aprendeu sobre a tal ECA (lembrou-se das risadas de seus escoteirinhos quando contou) viu que havia lei e norma para tudo inclusive para criança. Interessantes que não comentaram sobre patrulhas, Monitor, encargos e tantos mais que ele queria saber. Até pensou que um dia iria receber a visita do Doutor Comissário. Nunca apareceu.

                           Até hoje aos sábados e domingos, Brejo Seco vibra com a passagem dos seus escoteirinhos, marchando animados, com suas mochilas feitas de pedaços de lona que ganharam de Seu Postácio dono do Chevrolet Boca de Sapo de 1950 que fazia transporte mesmo fiado para qualquer morador. A verdade é que assim vivem muitos escoteiros em muitas cidades deste enorme país. Sem registro, sem sede, poucos badulaques na sua intendência, mas sempre com sua bandeira puída, com um belo sorriso e aprendendo com seu Chefe a arte de ser um homem honesto e bom.

                           Se você meu amigo é um Zé das Quantas, Chefe dos Escoteirinhos de Brejo Seco, aceite meu abraço. Meu orgulho em ver quem faz escotismo independente de ter lideres que não valorizam quem faz o melhor escotismo no Brasil!

terça-feira, 25 de dezembro de 2018

Pequenos contos de fim de ano em volta do fogo. O ano assim como chegou ele se foi...



Pequenos contos de fim de ano em volta do fogo.
O ano assim como chegou ele se foi...

                    Não era uma praça, não era uma selva, era um descampado fora da cidade onde aqueles chefes irmãos se reuniam após a noite de natal em volta de um fogo, para cantar, relembrar, louvar as aventuras, as vicissitudes e tantas coisas mais. 2018 se foi, agora era a hora de 2019. Dava prazer em ver através da chama vermelha os sorrisos, os sonhos a mostra, cantados em versos e a alegria reinante por vários anos de eterna amizade.

                    Ele chegou calmo como aconteceu nos anos anteriores. Um sorriso simples pediu licença e sentou junto a eles em volta da fogueira. - Chefe desculpe... Não sei se tenho direito a palavra, mas a peço educadamente. Sei que devemos ser exemplos, mostrar força, agir como educador. Mas Chefe, minha força de um Escoteiro saudável não é mais aquela do passado. Aquele “Eu vou fazer” eu “vou enfrentar” são sombras de uma lembrança que vão ficando para trás. A memória vez ou outra parece estar brincando de esconde-esconde. Eu tento a minha maneira de Lobinho o que aprendi sorrindo e me esquecendo de chorar.

                    Afinal Chefe não dizem que tentar levar a vida a sério não tem a menor graça? Meu eterno monitor Sênior vivia a dizer para mim: Meu irmão escoteiro valorize cada momento enquanto estiver vivo como se fosse o mais especial da sua vida. Afasta o que te machuca. Reaproxima o que te faz bem. Saudades dele também Chefe. Foi um Monitor e amigo que nunca mais esqueci.

                   Vou fazer agora o que nunca fui bom em fazer. Repousar e deixar a vida passar. Terei outro substituto. Preciso de férias do abecedário. Está difícil continuar. A mente não é mais aquela que dava um salto e do nada aparecia uma trilha para descobrir um bom lugar para acampar. Dizem para mim Chefe que eu tenho ainda muita estrada para percorrer. Sinceramente não sei...

                   Como dizia Zé do Monte um amigo Pioneiro, alma mole, vida dura... Tanto bate até que cura. Sabe Chefe, peço desculpas pela intromissão. Assim como cheguei estou saindo. Não me leve a mal, são reclamações entre Velhos escoteiros. Afinal a vida nos ensina tanto, não é Chefe? Sei que vai me dizer com a bondade de sempre que nunca perca a esperança. Aceito Chefe. A gente não sabe o que o amanhã vai nos trazer.

                   Levantou-se do banco de madeira, esfregou as mãos no calor do fogo, olhou sorrindo para mim e disse: Sempre Alerta Chefe. Obrigado por tudo. Vou dormir e tenho certeza que amanhã é outro dia. Tenho certeza que alguém mais novo virá me substituir em 2019. Dizem que será o ano da redenção! - Como foi o que o poeta disse Chefe? – “Mesmo se eu soubesse que amanhã o mundo se partiria em pedaços, eu ainda plantaria a minha macieira”.

                   Saiu cantando a “Bela Polenta” rumo desconhecido, passos calmos e sensatos, pegou a estradinha do ano que passou e sem olhar para trás e dizer adeus sumiu na curva do caminho de final do ano. Ainda dava para ouvir baixinho sua canção. Os chefes ali sentados sorriram e quem sabe com uma pitada de inveja, também cantaram a Bela Polenta em homenagem aquele ano tão cheio de graça esperando que o que vai chegar seja o que todos os Antigos Escoteiros do mundo sonham e esperam!           

sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

Mensagens de Baden-Powell. Pensamentos de BP sobre a religião.



Mensagens de Baden-Powell.
Pensamentos de BP sobre a religião.

Prólogo: - Um dia me perguntaram qual a religião de BP. Vejamos: Robert Stephenson Smyth Baden-Powell, era filho do Reverendo H.G Baden-Powell, Ministro da Igreja Anglicana. Portanto, ele era anglicano, aliás, como a maioria das famílias aristocratas da Inglaterra eram.

Orações.
- É hábito excelente pedirmos também pelos outros. Por exemplo, ao ver partir um comboio, peçamos a Deus por todos os que nele viajam. O rapaz deve aprender a rezar e não a recitar orações. Outra sugestão que lhe dou é que desenvolva o hábito de agradecer a Deus, ou rezar em ação de graças, em todo e qualquer momento por qualquer pontinha de felicidade que possa ter sentido, como, por exemplo, um dia agradável, um bom jogo, etc. (e não simplesmente por uma boa refeição).

- Deste modo, a oração e a comunhão com Deus tornam-se um hábito de vida em vez de uma formalidade reservada a ocasiões bem determinadas e feita com palavras caras de que o rapaz só compreende uma parte. Deixemos que as orações nasçam do coração, e não que sejam ditas de cor.

- Os princípios fundamentais em que pessoalmente prefiro basear as orações são os de estas serem curtas, exprimidas em linguagem simples, e tendo por base uma ou duas ideias: - agradecer a Deus pelas bênçãos ou alegrias recebidas; - pedir proteção moral, força ou conselhos para fazer algo por Deus, em contrapartida. Uma cerimônia religiosa própria de Escoteiros deve ter tanto efeito nos rapazes como qualquer cerimônia realizada na igreja, desde que, ao realizá-la nos lembremos de que os rapazes não são homens adultos, e avancemos ao ritmo dos mais novos e mais incultos de entre os presentes.

- Não confundamos tédio com reverência, nem nos convençamos de que gera religiosidade. Deve o Chefe ouvir quando sentir que os jovens estão em duvidas quanto às inclinações ou ao seu caráter. Pode em grande parte conhecê-los escutando. Em geral, quando o Chefe tem falta de ideias, não imponha aos Escoteiros atividades que, em sua opinião, estes devam apreciar; deve, antes, descobrir, ouvindo-os ou interrogando-os, que atividades mais os atraem, e verificar até que ponto as pode pôr em prática.

- se forem de molde a beneficiar o rapaz. Perguntai ao rapaz. Esta sempre foi à fórmula mais conhecida para lidar com qualquer vulgar dilema da vida quotidiana. Da mesma forma, quando estiverdes em dúvida quanto à melhor maneira de lidar com o rapaz e educá-lo, poupareis tempo, preocupações e trabalho de reflexão e de observação se, em vez de estudardes volumes de Psicologia, consultardes a maior autoridade na matéria - o próprio rapaz.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

Crônicas de um Velho Escoteiro. Quando o futuro chegar. As fotos que um dia correram o mundo.



Crônicas de um Velho Escoteiro.
Quando o futuro chegar.
As fotos que um dia correram o mundo.

Prólogo: - “As fotos - Caro Osvaldo Ferraz... As fotos... ah! essas fotos que acompanham seus escritos... Ate o prazer de vê-las será tirado das próximas gerações escoteiras, pois as da geração atual não se prestam mais... quer pela roupa usada, quer pela ausência de relatos fotográficos como os do nosso tempo”... (de um leitor amigo).

                     È mesmo, as fotos são documentos importantes para mostrar as gerações futuras de onde viemos o que somos e para onde vamos. Elas significavam um retrato vivo de um escotismo autêntico, onde o jovem aprendia a fazer fazendo, acampava diferente dos dias de hoje e sua sede de aventuras não tinha impedimentos legais para que não se fizesse como devia ser. Elas tinham um “que” saudosista que marcava uma época onde todo o método Escoteiro exalava verdades no campo ou na sede. Era uma forma de estar presente em qualquer ato ou fato, onde se era reconhecido pelo chapéu, pelo lenço e pelo uniforme impecável na sua apresentação. Uma disciplina aceita e não imposta, uma aceitação sem obrigação. Onde a Lei e a Promessa ainda não tinha discussão se deveria ser alterada ou não.

                    Tivemos homens que se dedicaram a mostrar como se fazia escotismo através das fotos. Pierre Joubert. Ele um ilustrador Francês, divulgou o Escotismo na França e no mundo com seus desenhos, levando milhares de jovens durante várias gerações as aventuras vividas pelos Escoteiros. Dizem que suas pinturas eram iguais ou melhores que Norman Rockwell. Estes e outros famosos ilustradores fizeram uma geração aprender a fazer fazendo só olhando suas fotos e desenhos. Na série Signe de Piste Pierre se supera. Seus desenhos ricos em detalhes são acessórios importantes para os textos dos livros que ilustram. Vários desenhos no novo (antigo) Manual do Escotistas do Ramo Escoteiro lançado em parceria com a Oficina Scout foram inspirados nos desenhos de Joubert.

                      Uma foto faz que as pessoas lembrem-se do seu passado e que fiquem conscientes de quem são. O conhecimento do real e a essência de identidade individual dependem da memória. A memória vincula o passado ao presente, ela ajuda a representar o que ocorreu no tempo, porque unindo o antes com o agora temos a capacidade de ver a transformação e de alguma maneira decifrar o que virá. A fotografia captura um instante, põe em evidência um momento, ou seja, o tempo que não pára de correr e de ter transformações. Ao olhar uma fotografia valorizamos o salto entre o momento em que o objeto foi clicado e o presente em que se contempla a imagem, porém a ocasião fotografada é capaz de conter o antes e depois.

                      São as fotos nosso marco da história. Seja ela o que for. Na fotografia encontramos a ausência, a lembrança, a separação dos que se amam, as pessoas que foram para outra vida, e as que desapareceram. As fotografias nos mostram a realidade do que foi e do que será. Mostre uma foto de Escoteiros de alguns anos passados e qualquer um irá identificar que aqueles eram meninos aventureiros, Escoteiros que sorriam no perigo, não tinham medo da noite e das florestas. Uma foto de um campo de patrulha, de uma jornada, da alegria em alcançar o pico da jornada, da velha carrocinha que tantas saudades nos deixaram, da ponte construída, do ninho de águia da escada de cordas e tantas outras construções que  ficaram na história.

                     Um Velho amigo me corrige a dizer que isto não acontece mais. O que foi não volta mais, o que será daqui para frente só as gerações futuras poderá dizer. Já não se vê fotos de patrulhas, a escalar montanhas, em suas barracas nos seus campos de patrulha, da cozinha fumacenta das artimanhas e engenhocas que tantas saudades nos trazem. Brincar em arvores com suas cordas solta no ar. Correr atrás das borboletas, colher flores silvestres para enfeitar a mesa rústica do jantar. Lavar sua própria roupa, dobrar nas técnicas aprendidas, vestir o uniforme com orgulho para se apresentar a quem nos quer ver. São as fotos os documentos do passado. São as fotos que dizem o que fomos e são elas que trazem recordações de cada um que tiveram o orgulho de estarem presentes nas grandes atividades Escoteiras.

                    Esperemos que as gerações futuras possam ver o escotismo de Baden-Powell como ele foi e como ainda deveria ser. Estamos esquecendo que os meninos daquela época eram sonhadores aventureiros e falamos para os de agora outra linguagem. Não deixamos que eles digam ou sonhem que são heróis, que gostariam de fazer uma grande aventura. Em nome de novos tempos vamos aos poucos fingindo ouvir a opinião deles. Os que falam o contrário são frases que não passam de uma metáfora. Hoje os que ainda ficam aceitam por pouco tempo e não tem mais os sonhos que os jovens meninos ingleses tinham quando colecionavam o “Aids to Scouting (Ajudas à Exploração Militar) ou mesmo o Scouting for Boys (Escotismo para rapazes). Quem sabe posso estar enganado. Quem sabe teremos um futuro maravilhoso e os meninos e meninas da geração futura iram sorrir com suas fotos, com suas lembranças e com o escotismo aventureiro que sempre sonharam.

                   E eu, um Velho Chefe Escoteiro saudosista vou tentando achar aqui e ali, as fotos que um dia vivi e sei que muitos viveram comigo. Elas fazem parte da minha, da sua e de toda histórias dos Velhos Escoteiros que como eu ainda tem sonhos. São elas as fotos que como comentou o meu amigo, ainda dão o prazer de vê-las.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

Conversa ao pé do fogo. Nomenclatura e símbolos do ramo Lobinho.



Conversa ao pé do fogo.
Nomenclatura e símbolos do ramo Lobinho.

Prólogo: Um artigo feito para leigos que ainda não conhecem a fundo o ramo lobinho. Os símbolos e nomenclaturas aqui descritos são bem conhecidos dos nossos chefes de lobos que estão na ativa. Se você que está lendo tem um filho na idade de sete a dez anos, procure uma alcatéia de lobos em um Grupo Escoteiro e vais ver em pouco tempo uma mudança enorme no seu caráter.

Nossos lobinhos e lobinhas convivem constantemente com uma série de nomes e símbolos originários da história do Povo Livre: Alcatéia, Matilha, Lobinhos e lobinhas, Gruta, Grande Uivo, Flor Vermelha, Roca do Conselho.

- A Gruta - A gruta é o abrigo onde os lobos se reúnem para planejar suas caçadas. É a sala da Alcatéia decorada com os elementos significativos e aos quais os lobinhos e lobinhas atribuem valor.

- O Uniforme - O uniforme ou a vestimenta permite a exposição de símbolos e distintivos. Cor, bandeira e hino - O amarelo é a cor do Ramo Lobinho e a bandeira da Alcatéia é um retângulo de 98 cm x 68 cm de largura, na cor amarela com o desenho escolhido pela Seção. O hino dos lobinhos é “Irmão de lobo nasci, de um povo livre e valente...”, mas o Manual indica “A flor vermelha”.

- O Totem - O bastão-totem da Alcatéia traz a figura de um lobo na parte superior e representa o Povo Livre de Seonee. Ele contém fitas com os nomes dos lobinhos e lobinhas, nas quais são gravadas as suas conquistas. É uma espécie de talismã coletivo e está presente em todas as ocasiões importantes para a Alcatéia. Estrutura da Alcatéia - Os lobinhos são organizados em matilhas, cuja formação coloca à frente o líder (Primo ou Prima) eleito pelos demais. O Segundo ou a Segunda vai atrás da fila da Matilha para ajudar o Primo ou a Prima a orientar a Matilha e cuidar de seus elementos. Cores das Matilhas - Branca, Cinza, Preta, Vermelha, Marrom, Amarela e Castanha (cores de lobos).

- A mística no ramo Lobinho.
- Uniforme - A Alcatéia usa uniforme ou a vestimenta. O boné é opcional no traje, mas é importante para proteger a criança do sol e do sereno, além de receber o distintivo do Lobo (azul). Distintivos - São as marcas das aventuras pela Selva. Eles contam a história de cada um. - O distintivo deve ser encarado como uma conquista marcada pelo empenho pessoal. Não existe excesso de distintivos quando todos eles são merecidos. Incentive as crianças a se esforçarem para isso.

- Lei do Lobinho - Grandes conselhos em pequenas frases assertivas conduzem os lobinhos à vivência dos valores preconizados pelo Movimento Escoteiro, concretizados pelas situações e ações dos personagens da Jângal.

- Flor Vermelha - é a festa em torno do fogo, uma grande oportunidade para invocar a fraternidade escoteira e dar oportunidade aos lobinhos a expressarem-se teatralmente.

- Roca de Conselho - É a assembleia dos lobinhos como o era para o povo livre. É um exercício de democracia e da qual participam as crianças e os Velhos Lobos.

- Livro de Caça - Pode ser um álbum ou um caderno onde são registradas as aventuras dos lobinhos e as tradições da Alcatéia.

- Saudação – Assim como na Jângal as palavras “SOMOS DO MESMO SANGUE” permitia que todos se reconhecessem, em todo mundo os lobinhos se reconhecem por meio da saudação. E de seu lema “Melhor Possível”.

- As áreas de desenvolvimento – seus personagens símbolos são exemplos de vivência das propostas de desenvolvimento que fazemos às crianças e muitas passagens das histórias do Livro da Selva mostram isso.

- Concluindo: A ênfase do Ramo Lobinho é a socialização dos jovens. A melhor maneira de influenciar os lobinhos a respeito da importância da vida em coletividade, onde cada um apoia e é apoiado pelo outro é por meio de exemplos da Jângal, onde o discurso nunca é incoerente com a prática. O Fundo de Cena proporciona emoção, ação e poesia, o que diferencia uma Alcatéia de um grupo de garotos que estão meramente e por acaso, reunidos...

domingo, 16 de dezembro de 2018

Crônica de domingo. Escotismo vale a pena à dedicação?



Crônica de domingo.
Escotismo vale a pena à dedicação?

Prólogo: - No dia que entrei no movimento Escoteiro, não tinha ideia do nível de importância que ele conquistaria em minha vida. Sem saber, cruzei meu caminho com ele e, de repente tudo passou a fazer mais sentido. Foi então que me completei até o dia que descobri que meus caminhos poderiam ser outros.

                         Em uma roda de chefes em volta de uma fogueira, escutava uma discussão acalorada entre os mais afoitos escotistas que o mundo já conheceu. Pelo menos na palavra deles. Surpreso ouvi essa pérola: “No escotismo descobri que o mínimo já é o máximo”. E só de estar junto aos jovens e meus amigos escoteiros sinto que a vida flui e se torna mais fácil! Bom isso. Se entregar a uma causa tem enormes valores não só como princípios de ajuda ao próximo como se sentir importante dentro do conceito pedagógico na formação do caráter.

                         A principio o Movimento Escoteiro encanta, traz uma chama diferente, afugenta o medo da amizade insincera. Ao pisarmos o primeiro sinal de pista na trilha do descobrimento, sentimos um sopro de aventura desconhecida de uma vida nunca antes vivida. Meninos e Meninas cativam. Enchem-nos de graça e de valores cujos princípios morais, regras, conceitos bate fundo no intimo de qualquer voluntario que vê no escotismo algum diferente que antes não conhecia. Impossível não se entregar. Difícil não mudar o estilo de vida e que muitas vezes é motivo para discórdia familiar.

                          Tudo teve o antes e o depois. O antes uma vida cheia de rotina, seja profissional ou a dedicação aos mais próximos inclusive com os comprometidos com a família. As reuniões, os encontros de chefes, as Indabas, Os Acantonamento e acampamentos, os Conselhos, as Assembleias os cursos... Estes são demais. Saímos de lá cheio de vontade de praticar a metodologia escoteira para sempre. Alguns tem o privilegio de ter ao seu lado sua cara metade e seus filhos cuja entrada neste belo Movimento surgiu entre eles um compadrio muito mais abrangente do que a vida que antes levavam.

                          Ali surge um novo abraço, um novo aperto de mão, uma saudação gostosa de fazer. E chega o dia de tremer, não de medo, mas de orgulho por ser mais um pertencente a Grande Fraternidade Mundial. Dia da promessa, dia de sorrisos, de abraços e naquela cidade dos sonhos que nunca na vida real tinha concretizado tudo muda e para melhor. Será? O amor aos filhos se espalha aos outros filhos que não são seus. A entrega é total. Alguns pagam para manter toda essa felicidade nunca antes encontrada. Pagam para os filhos, para ele ou ela e até mesmo de meninos e meninas que antes nem conhecia. Coisas de voluntário!

                          Os amigos mais chegados espantam. Que houve? Quanta mudança? Antes o chopinho, a visita fraterna, o churrasco, as idas a praia ou ao sítio para comemorar anos de convivência. Agora nada. Muitos quando se aproximam é para o ouvir o mesmíssimo novo amor que o escotismo está proporcionando. Os familiares que convivem em outra rede social assustam com tamanha entrega. Nem pense em dar conselhos, vai ouvir o que não gostaria de ouvir.

                           E quando a esposa ou vice versa não participa? Aí começam as incertezas, as contrariedades, as reclamações e até mesmo a separação o que não é bom nem para um ou para o outro. Nossas lideranças seja no próprio grupo, no distrito ou nas Regiões, sem falar na Direção Nacional não tem pessoas preparadas para agir como aconselhador. Tudo tem seu tempo e sua hora e chega àquela velha frases que ninguém gostaria de ouvir: - Ou o escotismo ou eu!

                           Diferente daqueles que germinaram no escotismo desde seus tempos de criança. Já tem uma rotina de vida formada dentro dos princípios escoteiros que sempre viveu e reconhece como sua estrada do sucesso. Muitas vezes precisamos de anos e anos para estabelecer uma moral padrão de participação que não prejudica nem um nem outro. E quando achamos que nosso rebento não quer continuar e você acha que ele está sendo prejudicado? O que fazer? Entrar onde não é chamado para dar vasão ao seus pendores de sua criação? É duro de lascar não poder fazer nada sem prejudicar um ou outro.

                            É um tema ingrato. Para alguns um tema adorável que nunca interferiu em sua vida familiar. Para outros e posso garantir as centenas o abandono de uma causa que antes era tida como um caminho a seguir rumo ao sucesso e deixou de existir. Não há conselhos. Ninguém vai deixar a entrega só por alguns escritos ou orientações que não tem nada a ver com sua vida pessoal. Escotismo é assim, uma trilha ilhada de sinais de pista. Caminho a seguir, caminho a evitar, saltar o obstáculo e chegar incólume ao ponto de reunião!

                            Assim a evasão de pessoas magnificas que poderiam trazer valores e contribuições enormes a associação vai perdendo na trilha de BP muitos que acreditaram na esperança de ajudar e viver feliz. Mas nem tudo é amargo. A receita fica com a Chefe de lobos que me disse: - Chefe... O que antes caos, hoje é tranquilidade. O que era medo, hoje é confiança. O que era vazio, hoje é completo. O que era tristeza, hoje é sorriso largo. O que era busca hoje é certeza. O que me faltava era o “mosquito” me morder para ser e morrer Escoteiro!                               

quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

Conversa ao pé do fogo. Místicas e tradições do escotismo. Os símbolos de Gilwell Park.



Conversa ao pé do fogo.
Místicas e tradições do escotismo.
Os símbolos de Gilwell Park.


 Prologo: - O Parque de Gilwell e o Curso da Insígnia de Madeira trouxeram ao Escotismo uma série de símbolos que nos são, ainda hoje, bastante familiares: o lenço, a anilha, o colar de contas, o portão dos leopardos e o machado enterrado no tronco.

O lenço.
Francis Gidney, o “homem-rapaz” foi o primeiro Chefe de Campo de Gilwell Park. Gidney criou o chamado 1º Grupo de Gilwell e o respectivo lenço. Isto em 1921. Fazem parte deste grupo, por tradição todos os dirigentes, de todo o mundo, portadores da Insígnia de Madeira. Aos primeiros formandos dos cursos era entregue um lenço, de cor exterior cinzenta (cor da humildade) e interior rosa-vermelho, pertença do parque, passando a usar todos um lenço igual, independentemente da posição que ocupassem no escotismo. No final do curso, os lenços eram devolvidos ao parque. Posteriormente o cinzento exterior foi substituído por um tom bege-areia, não havendo registro de quando passou a ser usado esta cor.


Chegou a ser usado um lenço feito totalmente com o Tartan do clã Maclaren, em homenagem ao homem que doou o dinheiro necessário para a compra do parque, mas, devido ao custo excessivo do tecido, o Tartan passou a figurar apenas num retângulo no vértice do lenço. Inicialmente, o lenço do 1º Grupo era também usado pelo staff do parque, mas, a partir de 1924, passou a ser restrito aos portadores da Insígnia de Madeira. O Tartan é propriedade registada do clã Maclaren. O seu uso é permitido apenas no lenço de Gilwell e não pode ser usado para outro fim.

O colar
Originalmente, B-P tinha pensado em oferecer aos formandos do curso dois pendões para o chapéu, à semelhança do que os oficiais americanos usavam. Entretanto, enquanto vasculhava nas recordações que tinha trazido de África e da Índia, encontrou um colar com contas de madeira, tendo optado por estas. Ainda assim, as suas primeiras ideias para o uso das contas foram para o chapéu, a imitar os pendões, ou na casa de um dos botões do casaco.

Em breve, B-P decidiu alterar estas ideias, provavelmente pelo fato de que os portadores da Insígnia de Madeira só poderiam usar as contas quando estivessem com o chapéu (ao ar livre) ou de casaco. O uso das contas num colar, usando um atilho de couro, permitiria aos seus portadores usá-las em todas as circunstâncias. A ideia do atilho e do colar poderá ter tido origem noutra recordação que B-P trouxe de África.

 Durante o Cerco de Mafeking, numa das rondas que B-P fazia frequentemente pela cidade, um rapaz indígena interpelou-o, admirado por ele não andar a assobiar e sorrindo, como era costume. Numa breve troca de palavras, em que B-P se mostrou menos esperançado quanto ao futuro, dadas as condições adversas e dramáticas do cerco, o rapaz ofereceu-lhe um atilho de couro, que lhe tinha sido dado pela mãe à nascença, para dar sorte e afastar os maus espíritos. Nesse mesmo dia, a cidade recebeu a notícia de que o Coronel Plumer e as suas tropas iriam chegar a Mafeking nos próximos dias.

A Insígnia de Aquelá (Insígnia de Akelá dois dentes)

De 1922 a 1925, aos formandos do curso para Chefes de Alcateia que terminassem com sucesso, era oferecido um dente canino de lobo - A Insígnia de Aquelá -, em vez das contas de madeira. Os formadores destes cursos recebiam dois dentes. 

Em 1925, a mesma comissão que decidiu acabar com o uso do dente, instituiu o uso de uma pequena conta colorida, imediatamente acima do nó do colar, para identificar a secção a que respeitava o curso tirado: amarela para lobinhos, verde para escoteiros e vermelha para pioneiros. Em 1927, a mesma comissão decidiu-se por cancelar o uso da conta. O padre Jacques Sevin, fundador dos Scouts de France, foi um dos recebeu a Insígnia de Aquelá (dois dentes).

 Colares com mais de 4 contas. (ver colar de seis contas de BP.).
Quando os primeiros países estrangeiros começaram a ministrar os seus próprios cursos de Insígnia de Madeira, os diretores desses cursos eram nomeados representantes do Parque de Gilwell nos seus países, usando um colar com cinco contas, uma suposta tradição lançada por B-P. O próprio B-P usava um colar com seis contas. O outro colar de seis contas que surgiu foi oferecido por B-P a Sir Percy Everett, que o auxiliou desde os primeiros dias do escotismo e esteve diretamente ligado à formação de dirigentes. Em 1949, Everett entregou o seu colar de seis contas ao Chefe de Campo do Parque de Gilwell, John Thurman, para ser usado pela pessoa responsável pela formação de adultos na Inglaterra, tradição que se mantém ainda hoje.

 A anilha (anel ou arganéu como é conhecido hoje).
No início da década de 1920, B-P terá sugerido ao staff do parque a criação de uma anilha especial para ser usada com o lenço de Gilwell. William Shankley, um australiano de 18 anos, membro do staff do parque, terá usado um atilho de couro (muito usados para fazer fogo por fricção, uma prática comum nos primeiros cursos) para produzir um Nó de Cabeça de Turco com duas voltas, que foi adotado como anilha oficial de Gilwell. O termo “woggle”, que não é usado fora do escotismo, pode ter sido ideia do próprio Shankley, mas Gidney tornou-o popular, ao publicar um artigo sobre o assunto na revista “The Scout”, em 1923. Em 1943, o Chefe de Campo, John Thurman, instituiu a atribuição da anilha aos dirigentes que completassem a primeira parte (formação básica) do curso, sendo o lenço e o colar de contas atribuídos no final da segunda parte do curso (formação avançada).

 O machado no tronco
Francis Gidney, o primeiro Chefe de Campo em Gilwell, procurava um símbolo especial para o parque, que marcasse uma grande diferença entre este e a sede nacional, apesar de ser, também, propriedade da associação. Gidney queria que o símbolo representasse bem as atividades ao ar livre e a técnica Escotista, que eram vividas em Gilwell, em contraste com o ambiente administrativo e comercial dos serviços centrais. Os cursos ministrados no parque eram muito práticos e o uso do machado era frequente, sendo dada muita importância a questões de segurança com estes e outras ferramentas. Sempre que não estavam a uso, os machados deviam ser cravados num tronco, para evitar acidentes, pelo que havia bastantes machados em troncos espalhados pelo parque. Foi neles que Gidney se inspirou ao criar o símbolo de Gilwell.

 Portão dos Leopardos
Construído por Don Potter, em 1928, é, ainda hoje, um elemento simbólico do Parque de Gilwell. O portão marca a entrada do Parque de Gilwell, embora não seja usado. O portão tem este nome por causa de dois pequenos leopardos, esculpidos em madeira, no topo de cada uma das cancelas. Um dos leopardos desapareceu, há muitos anos atrás, tendo sido substituído, mas voltou a desaparecer, tendo Potter feito outro, em 1997, quase aos cem anos de idade. Potter fez parte do staff de Gilwell durante vários anos, tendo-se especializado no trabalho com madeiras.