Curiosidades:
O Navio que trouxe o Escotismo para o Brasil.
Postado no 25 de janeiro de 2012 por gelages01sc.
O Encouraçado
Minas Geraes. (escrevia-se Geraes na época).
A
História do Escotismo no Brasil começa com a famosa “Esquadra Branca”, que o
Brasil encomendara à Inglaterra em 1906. O contrato inicial foi assinado com
Armstrong Whitworth (Elswick) e previa a construção de três encouraçados. O
primeiro a ficar pronto foi o Minas Gerais. O encouraçado São Paulo, de
configuração semelhante, seria finalizado pouco depois. A terceira embarcação,
o encouraçado Rio de Janeiro, ainda maior que os outros, não chegaria a ser
entregue, acabou por ser vendido à Turquia, e, posteriormente, foi
desapropriado pela Inglaterra, que o engajou à Royal Navy durante a Primeira
Guerra Mundial com o nome de “HMS Agincourt”.
O Minas Gerais teve a quilha batida em 17.04.1907 e foi lançado em
10.09.1908. A construção findou-se em 06.01.1910.
Quando
entrou em serviço constituía, juntamente com o seu irmão gêmeo “São Paulo”, um
dos navios mais poderosos do mundo: montava doze canhões de 12 polegadas em
seis torres, bem como artilharia secundária composta por vinte e dois canhões
de 4.7 polegadas, além de oito outras peças de 3 libras.
Tornou-se
motivo de orgulho nacional, tanto que a valsa “Oh! Minas Gerais”, com a melodia
italiana Vieni sul mar, foi composta em sua homenagem, e não ao Estado da
Federação brasileira.
O
novo navio exigia grande equipagem, principalmente de foguistas, de maneira que
para suprir a carência de pessoal foram contratados até mesmo marinheiros
estrangeiros (ingleses, portugueses, gregos, americanos e barbadenses).
Na época, encontrava-se na Inglaterra numeroso
contingente de Oficiais e Praças da Marinha que preparava-se para
guarnecer os novos navios da esquadra brasileira em construção. Um grupo de
suboficiais entusiasmou-se com o revolucionário método de educação
complementar. Entre eles estava o Suboficial Amélio Azevedo Marques que fez seu filho Aurélio ingressar em um dos
Grupos Escoteiros locais. Assim, o jovem Aurélio Azevedo Marques foi o primeiro escoteiro brasileiro.
Quando da vinda para o Brasil, os militares trouxeram consigo uniformes
escoteiros ingleses, no valor de trinta libras esterlinas.
O Encouraçado Minas Geraes, navio onde estava embarcada a maioria dos
militares interessados em trazer para o Brasil o Movimento Escoteiro, chegou ao
Rio de Janeiro em 17 de Abril de 1910. No dia 14 de
Junho do mesmo ano, na casa
número 13 da Rua do Chichorro no Catumbi, Rio de Janeiro, reuniram-se,
formalmente, todos os interessados pelo escotismo e embarcados nos navios que
haviam chegado ao Brasil. Naquele local foi oficialmente fundado o Centro de Boys
Scouts do Brasil.
A placa na fachada da
casa diz: “Há 90 anos foi lançada neste local a semente do escotismo no país
com a fundação do “Centro de Boys Scouts do Brasil” por suboficiais da Marinha
de Guerra”. Homenagem: União dos Escoteiros do Brasil – Centro Cultural do
Movimento Escoteiro Região do Rio de Janeiro – Rua do Chichorro, 13 –
14/06/2000
Esse é o verdadeiro marco inicial da história do escotismo no Brasil. A
partir de 1914, surgiram em outras cidades vários núcleos, dos quais o mais
importante foi a ABE – Associação Brasileira de Escoteiros em São Paulo,
fundada com o apoio de respeitados Diretores de estabelecimentos de ensino,
Secretários de Justiça e de Segurança Pública do Estado e pessoas que foram
fundamentais para a consolidação do escotismo no Brasil, como Mário Cardim, que
concretizou a ideia de criar a ABE e tomou a frente para a preparação das
pessoas, regulamentos e estatutos.
O jornalista Júlio de Mesquita, Diretor do “Estado de São Paulo” e o
Ascanio Cerqueira, receberam da inesquecível dama da sociedade bandeirante
Jerônima Mesquita, diretamente de Paris, o material didático do procedimento
formal da organização, passando o grupo e alguns idealistas, a formatar nosso
escotismo, para a formação de sua personalidade jurídica.
A ABE espalhou o Movimento Escoteiro por todo o país e em 1915 já
contava com representações na maioria dos Estados Brasileiros e neste mesmo
ano, uma proposta para reconhecer o Escotismo como de Utilidade Pública resultou
no Decreto do Poder Legislativo n.º 3297, sancionado pelo Presidente Wenceslau
Braz e em 11 de junho de 1917 sancionou o DL, o qual em seu artigo 1.º
estabelecia: “São considerados de
utilidade pública, para todos os efeitos, as associações brasileiras de
escoteiros com sede no país.” – a
mãe-pátria brasileira acabava de gerar um de seus mais importantes filhos, o
ESCOTISMO.
A História do Escotismo no Brasil, porém, só veio a ganhar amplitude
nacional em 1924, quando da fundação no Rio de Janeiro da UEB – União dos
Escoteiros do Brasil, semente-mor unificadora do processo de aglutinação dos
diversos grupos e núcleos escoteiros dispersos nas terras brasileiras,
movimento consolidado por volta de 1950, quando a formação social foi
fracionada por regiões e Estados, cada uma delas abrangendo um Estado ou
Território Nacional.