Uma linda historia escoteira

Uma linda historia escoteira
Era uma vez...

sábado, 24 de fevereiro de 2018

Fim do dia. Somente lembranças...



Fim do dia.
Somente lembranças...

                       Mais um dia. Assim eles vão passando. Cada um uma experiência nova. Novos amigos, novos contatos e sabendo que o mundo gira e a roda do tempo não parar de girar. Dizem que estamos sempre aprendendo. Não importa se os anos estão passando, se eles são como as escunas que navegaram os setes mares no passado e no presente. O presente hoje é passado quando eu terminar de escrever.

                       Planos? Muitos. Escrever o quanto puder. Meu legado? Não sei. Quem sabe minhas historias. O que fazer com elas depois que eu me for? Será que poderiam servir no futuro aos novos escoteiros e escoteiras que iram chegar? Não sei. Ficarei lá de cima na espreita aonde elas foram parar.

                       O escotismo não para. Cheguei à conclusão que muitos estão fazendo um bom escotismo. Gosto disto. Gostaria de estar junto. Não vai dar. O corpo enxuto do Velho Chefe não é mais o mesmo. Passos trôpegos, bengala fazendo tic.toc. Tenho muitos convites de Grupos amigos. Até mesmo em estados distantes. Quem sabe um dia faço uma surpresa, chego na hora da bandeira e grito alto Sempre Alerta! Preciso voar novamente e sentir a alegria de uma Alcateia, de uma tropa, da meninada cantando e brincando sem parar.

                      Ainda não vi o Jornal Nacional. Vou lá e aproveito para ver o Jornal das 10 da Globonews. Ainda sem sono. Conheci há muitos anos um Preto Velho que morava nas barrancas do Rio das Velhas que não dormia. Quando ia a cidade passava pela fazenda (eu era um administrador, espécie de gerente) e ficávamos horas com ele contando causos para mim. Eu gostava de ouvir. Não sabia assinar o nome, mas tinha tantas coisas a me ensinar. E como aprendi. Não acreditei quando me disse que tinha mais de 110 anos. Afirmou-me que há mais de vinte anos não dormia. Perguntou-me porque Deus lhe deu aquela missão. Não soube responder.

                  Quando chegava a hora de ir embora virava para mim e dizia; - “Sabe seu Osvardo, quando eu morrer eu vou para o céu e lá quero dormir muito. Não sei se os anjos vão deixar”. Uma tarde passei de barco em frente a sua casa de taipa e o vi pescando. Ele tirou o chapéu de palha e fez uma reverencia. Sorri e gritei uma boa tarde. Dei uma parada e lá veio ele me contar que deste a morte de Dona Aninha morava sozinho. Nunca me falou de filhos e nem perguntei.

                 À noitinha daquele dia vieram me dizer que ele estava morto. Morrera pela manhã, sorrindo e estava sendo velado na casa do Totonho Peixe Grande (contava pataca que pescou o maior dourado do Rio das Velhas com quase oitenta quilos. Putz! Dourado danado). Impossível eu disse, eu o vi na barranca da sua casa hoje! Todos me olharam como eu fosse louco. Falar o que?  Ah! Histórias que já se foram, histórias que não existem mais. Valeu enquanto me foram dadas.

Nota - Vi uma estrela tão alta, vi uma estrela tão fria! Vi uma estrela luzindo na minha vida vazia. Era uma estrela tão alta! Era uma estrela tão fria! Era uma estrela sozinha luzindo no fim do dia. Por que da sua distância para a minha companhia Não baixava aquela estrela? Por que tão alta Luzia? E ouvi-a na sombra funda responder que assim fazia Para dar uma esperança mais triste ao fim do meu dia. (Manuel Bandeira)

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