Uma linda historia escoteira

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Era uma vez...

domingo, 18 de fevereiro de 2018

Papeando nas areias do Waingunga. O Ramo Lobinho.



Papeando nas areias do Waingunga.
O Ramo Lobinho.

                O Ramo Lobinho não é minha praia. Fui lobinho, mas o programa na época era bem diferente do atual. Acredito que meu Balu nunca tinha lido o Manual do Lobinho de BP e nem tampouco o Livro da Selva. Ele sabia da existência de um Mowgly, de um Akelá, de Um Balu um Bagheera e uma Kaa. Sabia da Roca do Conselho e do Shery Kaan. Inventou algumas danças esquisitas e pelo menos nos incentivava a abrir um e os dois olhos com a Primeira e Segunda Estrela. Um dia apareceu com o Lobinho Cruzeiro do Sul! Ufa!

                Fui crescendo e aprendendo um “tiquitito” de nada sobre lobos atuando como Akela. Apenas dois anos. Mais tarde fui agraciado com a IM de Lobinhos e atuei dirigindo alguns cursos de lobo sempre cercado de sumidades em Mowgly que me ajudaram muito nas minhas deficiências “lobísticas”. De tempos em tempos me perguntava por que a progressão não era satisfatória já que poucos lobos permaneciam na tropa e quase nenhum passando para os seniores. Pioneiros era difícil alguns deles chegarem até lá.

                 Uma vez em um CAB de Lobos, convidei aos alunos para uma mesa redonda e trocarmos ideias sobre a passagem e a permanência futura do lobo na tropa. Alguém comentou o porquê quando um lobo passa para uma Patrulha tem menos direitos que um novato que chegou primeiro que ele e nunca foi lobo. A discussão foi boa, mas os resultados foram esquecidos. Não sei hoje, mas ouvindo Mestres em Lobismo parece que a evasão e os direitos dos lobos nas tropas ainda são permanentes.

                 Quando surgiu o Manual do Lobinho de BP, ele serviu de base para muitas alcateias que estavam começando. Contar a história do surgimento do Ramo Lobinho não é tão importante já que acredito todos os lideres de Seeonee devem conhecer de cor. Mas vejamos se naquele inicio os menores de nove anos já participavam das patrulhas, e não gostaram do programa quando foram separados quem sabe, surgiu à primeira divergência dos menores.

                  Muitos daqueles iniciantes levantaram-se contra o novo programa e alguns se intrometiam nas reuniões de tropa para serem ouvidos e poderem participar. Conta-se que os primeiros esforços para trabalhar com meninos menores não obtiveram sucesso. Os “Junior Scouts” não tiveram bons resultados. Foi nesta época que Baden-Powell resolveu tomar providencias. Foi uma tarefa árdua. Ele queria evitar que o movimento estivesse criando um Jardim de Infância.

                 B.P se preocupou e explicou em um artigo no “Headquarters Gazette” que não iria exaurir as crianças com atividades além de sua capacidade física. Em 1913 escreveu as primeiras tentativas de denominar os menores com nomes sugestivos: - Juniores Scouts, (escoteiros juniores) Beavers (castores) Wolf Cubs (lobinhos) Cubs (filhotes) Colts (potros) e até mesmo Trappers (ajudante de caçador). Ele se preocupava que o novo ramo tivesse suas próprias características e não uma versão simplificada do programa dedicado aos escoteiros.

                   A história a seguir é conhecida. Percy W. Everett a pedido de B.P. estudou um esquema provisório. O projeto incialmente foi intitulado de: “Regras para escoteiros menores”. Com o início da Guerra a maioria dos homens atendiam aos apelos do exercito e foi permitido a participação de mulheres no escotismo. Elas estavam encantadas com a ideia de que pudessem adestrar os pequenos. Foi nesta época que surgiu o braço direito do fundador no ramo Lobinho: - A Srta. Vera Barclay. Lembremos que todos esperavam o primeiro Manual do Lobinho já prometido por B.P.

                   Vera se dedicou com entusiasmo na organização do Manual do lobinho. Sua dedicação foi tanta que influiu fortemente para sua indicação como Comissária do Quartel General para Lobinhos. Porém o que veio responder a procura de Baden-Powell por algo atraente, especial, capaz de sustentar a fantasia e contribuir com a formação da criança foi o “Livro d Jângal” cuja adoção revolucionou completamente o esquema.

                  The Jungle Book (Livro da Jângal) de Rudyard Kipling foi publicado pela primeira vez em Nova York em 1904 e sua poesia diáfana e pura captou a imaginação do publico. B.P sabia da importância da imaginação para meninos mais jovens e reconheceu, nesta obra, o suporte que viria dar a eles, todo o divertimento, interesse e atividade que necessitavam e que viria também a abrir o apetite pelo escotismo.

                 Mais de cem anos se passaram. Do Livro da Jângal aos Manuais de Lobinhos muita coisa mudou. Se foi bom ou não quem deve saber são as chefes ou os chefes de lobos. Se a preocupação é com um programa para lobinhos sem estar interligado com o programa de tropa, se o ciclo de ontem não será o mesmo de hoje e de amanhã, se as alterações feitas e os programas muitas vezes infantis demais para os meninos de hoje são válidos ou não.

                 Não discuto as alterações e o desejo de muitos dirigentes de “alto coturno na UEB” fazerem alterações ou mesmo editando novos manuais. Quantos surgiram depois do primeiro de Baden-Powell? Surtiram os efeitos esperados? Os lobinhos estão devidamente preparados para uma passagem e serem recebidos na tropa como um valente Mowgly da Jângal? Ou eles serão os últimos da fila sendo sempre chamados de lobinhos, filhinho da mamãe?

               Sem menosprezar sei de alcateias e tropas que atuam conjuntamente e os resultados são os melhores. Queira ou não, acredito que temos muito a estudar para que a permanência do passante para a cidade dos homens se sinta bem na companhia um do outro. Não sei se o tema foi interessante. Quem sabe volto nele outra vez.

Nota – Um domingo sombrio levantei cedo com o horário de verão sendo exterminado, bengalei por aí e pensei: Porque o lobinho ao passar para a tropa tem menos direito do que aquele que entrou há poucos meses atrás e não foi lobinho? O que ele leva como bagagem para construir o respeito dos demais da Patrulha? Ainda o chamam de “Lobinho, filhinho da Mamãe”? E eis aqui um artigo, não o melhor, mas quem sabe muitos poderão dar suas opiniões e mostrar que eu estou errado nos meus pensamentos. Melhor Possível!

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