Uma linda historia escoteira

Uma linda historia escoteira
Era uma vez...

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro. Esquece “velhote” seu tempo não volta mais!


Crônicas de um Velho Chefe Escoteiro.
Esquece “velhote” seu tempo não volta mais!

                Há dias estou praticando um repouso para minha especialidade de Velho Escoteiro Dodói. O homem do jaleco branco disse que eu preciso me cuidar. Diachos! Ainda disciplinado eu permaneço deitado, viro aqui viro ali e será que só penso naquilo? Quem sabe meus velhos amigos da década de cinquenta e sessenta podem pensar como eu? Ando meio revoltado... Que direito tem estes “mandatários” usurpador do poder, que estão mudando sem a ninguém consultar?

              Calma Chefinho... Não fica “brabinho” diz uma amiga minha. Mas eu mordendo a gengiva pergunto: - Voce aí. Sei que entrou a maneira, adora vestimenta escoteira, bate palma e aceita, aprendeu a não discutir. Disseram para você que eles são estatutários, eleitos para mudar, jurando a tudo melhorar. Sei que encontrou tudo mudado e nem sabe o que aconteceu.

                 Dizem que é um privilegiado, tem assessor que lhe assessora assessorando e fazendo assessoramento dizendo o que deve fazer. Se mandar fazer assim, sem discussão fará. Se não fizer, será aconselhado e depois admoestado e quem sabe lhe dirão que pode ir passear. Você e uma maioria, que não discute sorri, adora sua missão. Fazer de jovens de hoje excelentes cidadãos. Se você quer ser importante vai ter luta constante para ser um maioral. Vai postar suas conquistas alardear suas cobiças e pouco importa no que vai dar.

                 Chamam-me de velho senil, na calada de imbecil. Dizem que meu tempo é de farofa, chapelão e tapioca. Esfolador de galinhas e outros galináceos a mão. Paciência. Discutir prá que? Vou convencer “vósmecê”? Cuidado ao lembrar o passado, há gritos prá todo lado o chamando de caduco, esclerosado gagá decrépito e senil. São mestres em gritar pru vento. Chefinho! - Nunca mais acampamento... Acampar onde? Eita turma da preguiça, quem nem assiste uma missa, prefere se esbaldar... No pateo da sede emprestada do Grupo Escolar.

                  Vem aí à nova geração, vestimentados em ação. Uns adotam chapéu, outros boné prá trás, camisona esbaldada em cima da barrigada. E a tal meinha pretinha? Uma gracinha! Outros vão à cantina ver o que oferecem, chega de tanta rotina. Chapelão? Mochila e Vulcabrás? Ficou no tempo rapaz... Está copiando os lá do norte, uma faixa bem enorme, para ficar nos conformes e encher de especialidades mil. Dizem que vem aí o quinto e sexto taco, e para os presidentes e diretores muitos tacos a granel. Tem “Money”? Na cantina é como mel.

                 Tem novo programa vendendo como banana... Eita que lindo é o MACPRO... PIRADOS. BP foi abandonado. Chega de acampadores, copiem os novos senhores dos cursos os formadores, quadro negro, cadeira escolar e o escambal. Lobos? Têm tantas ideias, uma verdadeira mocreia, que se vivo Mowgly ira bendizer. Tem acantô de alcateia, tem belas danças modernas, dizem que o Balu vai dançar o rap Hip Hop, vai mostrar o chula, chula rebolando prá xuxu. 

                 E eu velhote adoentado, olhando prá todo lado, olho os desenhos do Gilbert e pensa com sabedoria: - Irão aparecer novos Gilberts? Novos desenhos? O que vai ficar prá história? Irei ver uma Patrulha, desbravando uma montanha? Subindo em um Jacarandá e descendo no evasão? Construindo um belo pórtico sem ter o Chefe na mão? Fazendo malabarismo em um belo comando Crow?

               Não os escoteiros do Gilbert ficaram na história. Se não me falha a memória agora é um belo camping, cadeiras espalhafatosas, barracas inteligentes, festejar e acampar... Olhando no celular... Alguém se arrisca a cozinhar? Prá que? Logo chega o marmitex ou vem um Chief contratado vai fazer bife acebolado e outros manjares na cozinha montada no lugar.

               E quem sabe eu reencarno, em uma nova geração, alguém me diz que BP foi um grande fanfarrão. Escotismo Vadico é outro. Tem muitos na eleição. Tem até um Jamboree lá nas luas de Plutão. Melhor parar por aqui. Olhar de novo o Gilbert, que soube impressionar, mostrar os escoteiros heróis no seu tempo e habitat, pois só isso fica guardado, na mente do bem fardado, empurrando à carretinha que neste mundo moderno agora não existe mais!

Sempre Alerta ou quem sabe... Be Prepared!   

Nota - Andando mais prá lá do que prá cá, cacunda tá entortada, duas pernas bem travadas, tentando manter a respiração. Como velho menino escoteiro, fico no meu canto ligeiro, fazendo recordação. Adianta? Prá mim sim Doutor Chefão. Enquanto manter o respiro, não darei meu ultimo suspiro, e no meu pé de xulê vou bebendo meu café nas asas da imaginação. Lá no meu campo amado, me sinto bem acampado faça chuva ou faça sol. E meto os dedos no teclado nas lembranças do passado que nunca mais voltarão.           



segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

Definição do escotismo. - Por Baden-Powell.


Definição do escotismo. - Por Baden-Powell.

- Pelo termo «Escotismo» designa-se o serviço e atribuições dos escoteiros, exploradores, caçadores, marinheiros, aviadores e pioneiros. O Escotismo é uma escola de cidadania por meio da arte da vida nos bosques. O Escotismo é uma sugestão para uma alegre diversão ao ar livre, lançada por acaso, e que acabou por revelar-se também um contributo prático para a educação.

Eis algumas das coisas que o Escotismo não é:
- Não é uma organização de caridade para ser dirigida por pessoas da alta sociedade para benefício das crianças pobres; - - Não é uma escola com programas definidos e critérios de exame; - - Não é uma brigada de oficiais e soldados onde, à força de paradas e formaturas, se inculca virilidade nos rapazes e moças; - Não é um espetáculo onde se obtêm resultados superficiais por meio de uma remuneração em insígnias de competência, medalhas, etc. Todas estas coisas vêm do exterior, enquanto a formação escoteira vem de dentro para fora.

- O Escotismo é um jogo de rapazes, sob a direção de rapazes, em que os irmãos mais velhos podem oferecer aos mais novos um ambiente saudável e encorajá-los a praticar atividades saudáveis, que os ajudarão a desenvolver o civismo. O Escotismo não é uma ciência para estudar com solenidade, nem um conjunto de doutrinas e textos. Nem é, tão pouco, um código militar graças ao qual se instale disciplina nos rapazes ou se reprima a sua individualidade e' iniciativa, à custa de formaturas e de exercícios repetitivos.

- Não o Escotismo é um alegre jogo ao ar livre, onde moças e rapazes podem, em conjunto, entregar-se à aventura como irmãos mais velhos e mais novos, colhendo saúde e felicidade, habilidade manual e espírito de serviço. Todo O Movimento (dos Escoteiros e das Guias) pode definir-se resumidamente como uma fraternidade mundial de Serviço. Sim, o Escotismo é um jogo. Mas por vezes ponho-me a pensar se, com toda a nossa literatura, regulamentos, inquéritos no The Scouter, conferências, cursos de formação para Comissários e outros dirigentes, etc., não parecerá que estaremos a fazer dele um jogo demasiado sério.

- Se lhe tivéssemos chamado o que ele era, a saber, «Sociedade para a Propagação das Qualidades Morais», o rapaz não se teria propriamente precipitado para aderir. Mas chamar-lhe escotismo e dar ao rapaz a oportunidade de se tornar um explorador em embrião, foi algo completamente diferente.

- Toda a finalidade do Escotismo, é pegar no caráter do rapaz na fase em que o entusiasmo está aquecido, forjá-lo devidamente e promover e desenvolver a sua individualidade - de modo que o rapaz se eduque a si mesmo para se tornar homem reto e cidadão prestável para a sua pátria. A finalidade da formação das Guias é dar às nossas moças, qualquer que seja a sua condição, uma série de atividades saudáveis e divertidas que, ao mesmo tempo em que fazem as suas delícias, lhes proporcionarão uma educação extraescolar em quatro domínios particulares:
- carácter e inteligência
- aptidão técnica e habilidade manual,
- saúde física e higiene
- serviço aos outros e solidariedade.

- A finalidade do Movimento das Guias é ajudar os pais, os professores e os pastores, facultando o ambiente desejável e atividades saudáveis fora da escola. A formação escoteira tende a fazer dos rapazes homens melhores - aliás, a fazer deles verdadeiramente cavalheiros que, na definição de Bernard Shaw, são aqueles que não esperam obter do mundo mais do que aquilo que lhes dão. A finalidade da formação escoteira é melhorar o nível dos nossos futuros cidadãos, especialmente no que diz respeito ao carácter e à saúde; substituir o egoísmo pelo serviço, tornar os moços individualmente capazes, moral e fisicamente, com o fim de aproveitar essa capacidade para servir os seus semelhantes.

- A nossa finalidade no Movimento é dar toda a ajuda que pudermos à construção do Reino de Deus na Terra, inculcando entre os jovens o espírito e a prática diária da boa vontade desinteressada e da cooperação. A intenção do Movimento dos Escoteiros e das Guias é formar homens e mulheres como cidadãos possuidores de três dons fundamentais: Saúde, Felicidade e Espírito de serviço. A nossa finalidade é educar a próxima geração como cidadãos úteis e senhores de vistas mais largas do que as gerações anteriores, e desenvolver assim a paz e a boa vontade por meio da camaradagem e da cooperação, em substituição de rivalidade prevalecente entre classes, religiões e países que tantas guerras e convulsões tem produzido.

- Consideramos todos os homens como irmãos, filhos do mesmo Pai, aos quais a felicidade só pode chegar por meio do desenvolvimento da tolerância e da boa vontade recíprocas - isto é, do amor. O nosso objetivo último é criar homens viris para os nossos respectivos países, fortes de corpo, de mente e de espírito; homens em quem se possa confiar; homens que saibam enfrentar trabalho duro e também tempos difíceis; homens que saibam decidir por si próprios, sem se deixarem levar pela sugestão das massas; homens que saibam sacrificar muito do que é pessoal em prol do interesse mais vasto da nação.

- O seu patriotismo não deve ser estreito e mesquinho; pelo contrário, com a sua visão mais ampla, eles deverão ser capazes de ver com compreensão e simpatia as ambições dos patriotas de outros países. Não deixes a técnica sobrepor-se à moral. O desembaraço em campo, a arte do explorador, o campismo, as expedições, as boas ações, os Jamborees, a camaradagem, tudo isso são meios, não o fim de a atingir. O fim é o caráter - caráter com um propósito.

E esse propósito é que a próxima geração seja dotada de bom senso num mundo insensato, e desenvolva a mais elevada concretização do Serviço, que é o serviço ativo do Amor e do Dever para com Deus e o próximo. O Escotismo visa ensinar aos rapazes como viver, não apenas como ganhar a vida.


Nota - Este artigo escrito por Mario Sica em 1981, com o título de “Rastros do Fundador” e elogiado por Laszl Nagy Ex-Secretário Geral da WOSM e esplendidamente prefaciado por E.W. Gladstone (Chefe Escoteiro Inglês) foi por mim copiado sem modificações. O condensado tem mais de 31 páginas e brevemente irei colocá-lo a disposição dos interessados. A maneira de escrever de Baden-Powell permanece sem alterações. Vale a pena ler apesar de extenso.